Novo calendário de moda brasileira: conheça e entenda as sugestões
Em 2020 o mundo passou por um período de grandes mudanças, causadas principalmente pela pandemia da CoVid-19. E não é difícil entender que a moda está diretamente ligada ao comportamento humano.
Por isso, a partir do momento que começaram as quarentenas, os grandes períodos em que as pessoas precisaram começar a ficar em casa, absolutamente tudo mudou. Desde a forma como nos relacionamos com nossos familiares, amigos, colegas de trabalho e, até mesmo, a vida como um todo.
As primeiras quarentenas, períodos de reclusão, começaram ainda em março de 2020. E não demorou muito para que os indícios de mudanças no calendário de moda brasileiro também aparecessem.
Isso porque, logo em abril de 2020, os profissionais da moda brasileira começaram a se movimentar. E, através de uma carta publicada em seu site oficial, a ABEST (Associação Brasileira de Estilistas) propôs algumas alterações no calendário de varejo nacional.
Na carta a associação questionou a periodicidade de lançamentos, além das datas de promoções.
Uma parte da carta diz o seguinte:
“Por que as liquidações precisam acontecer quando inicia-se a estação em julho e as de verão quando nossos termômetros estão acima dos 30 graus?”
Roberto Davidowicz, conselheiro da ABEST, afirmou em entrevista ao site Even More:
“Foi enorme o número de lojistas e marcas que aplaudiram e se engajaram, assim como várias outras associações e entidades que pediram para apoiar e juntar-se a Carta Aberta.”
O novo calendário de moda brasileira sugerido
A moda é mundialmente ditada, principalmente, pelas tendências europeias. São as grandes marcas, a exemplo de Michael Kors, Saint Laurent e Chloé, que norteiam o que estará nas vitrines para as próximas estações. Além de como e quando as peças e tendências chegarão ao público final.
Dessa forma, é muito importante que todo e qualquer profissional que trabalha com moda esteja sempre atento às novidades e o que está acontecendo nesse segmento.
E o novo calendário de moda brasileiro se trata de um reflexo do que aconteceu (e provavelmente acontecerá) no mundo da moda internacional.
Por exemplo, ainda no ano passado, Michael Kors anunciou que se afastaria das semanas de moda tradicionais. Kors afirmou que produzirá duas coleções por ano e apresentará de acordo com seu próprio calendário de moda.
Outras marcas que fizeram o mesmo foram Saint Laurent, que afirmou que seus desfiles aconteceriam fora da Semana de Moda de Paris, e Chloé, que vinha discutindo sobre um ano de duas temporadas com varejistas.
“Os organizadores das principais semanas de moda estão esperando que o calendário de desfiles sazonais retorne em formato não digital quando as preocupações com o coronavírus diminuírem, mas algumas marcas e varejistas estão começando a ver mais benefícios em se afastar da programação organizada.
A Covid-19 está fazendo com que o setor questione as tradições que o amarraram aos calendários de criação e produção desalinhados, colocando produtos em lojas fora de estação e ajudando a alienar seus consumidores finais.”
Assim como esse novo tempo ampliou a consciência e impulsionou a mudança no nosso calendário, também são esperadas significativas transformações no design. Os consumidores não serão mais os mesmos. É provável que retornem da quarentena mais humanos, preocupados com a saúde, com os familiares, valorizando a vida e a simplicidade do viver bem e com qualidade.
Como ficou o novo calendário de moda brasileira sugerido
Dessa forma, diante de tudo isso, o calendário de moda brasileiro, proposto em carta aberta pela ABEST, ficaria da seguinte forma:
• Verão: a partir da segunda quinzena de junho até do dia 10 de julho
• Inverno: segunda quinzena de novembro
Varejo:
• Liquidação inverno: agosto de 2020.
• Liquidação verão: fevereiro de 2021.
A partir de 2021, a sugestão da ABEST para o novo calendário de moda brasileiro é a seguinte:
• Verão em maio.
• Inverno em novembro.
Em contrapartida, as liquidações de varejo continuam sendo fevereiro e agosto.
Carta aberta ABEST
“Diante do cenário mundial de pandemia causada pelo novo Coronavírus, nos vemos vivendo em um mundo que nem a ficção previu. O mundo parou. E no nosso setor não foi diferente. Estamos todos em casa e usando a nossa criatividade para não deixarmos nosso negócio parar.
Nossas oficinas de costura, de sapatos, de bolsas, de joias e bijuterias estão paradas. Muitas delas trabalham, mas com um outro foco, estão produzindo máscaras e aventais para serem doados aos hospitais e profissionais de saúde de suas regiões. Surge a pergunta, como vamos fazer para colocar na rua a nossa coleção de inverno? Uma parte já produzida e outra, paralisada por conta do isolamento social.
A chegada da Covid-19 nos fez refletir sobre um assunto que há muito está na cabeça das marcas 100% brasileiras, autorais e pertencentes ao chamado slow fashion. Por que temos que seguir esse calendário, maluco das marcas de fast fashion? Porque depois de 15 dias o que está na arara ou na vitrine está velho e temos que expor e vender uma nova coleção? Nosso produto não é perecível nessa velocidade. Fazemos peças para durar, para serem usadas hoje, amanhã, no próximo ano e assim por diante. Porque as liquidações de inverno precisam acontecer quando inicia-se a estação, julho. As de verão quando os nossos termômetros estão acima dos 30 graus?
Quem compra uma coleção para ficar meses no armário? Poucos, muito poucos.
Pensando nisso, a Associação Brasileira de Estilistas (ABEST) junto com sete dos mais importantes showrooms e pequenas feiras de São Paulo (Salão Casamoda, Contemporâneo Business, Feira TM, Maria Eugenia Showroom, Conceito +, Novo Showroom e Fashionroom, além do apoio do SPFW, InMod e FFW) estabeleceu um novo calendário para a moda.”
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